Olá, visitantes e seguidores do Meu Espaço Literário.
No post de hoje veremos um tema que é campeão de pesquisa aqui no blogue. Este tema é a temida crase. Quem precisa prestar um concurso, ou está escrevendo um TCC, ou quem está no Ensino Médio naquela semana final cheia de provas, com certeza deve até sonhar com essa belezinha, não é?
Então, senta ai e vamos dar mais um passinho para compreender um pouco mais como funciona, como usar a crase e perder aquele medo de errar.
Caso ainda não tenha acessado ao artigo que citei, eis aqui uma oportunidade: “10 DICAS DE QUANDO NÃO USAR A CRASE”.
Sabemos que escrever bem é uma arte que requer muita prática, disciplina e dedicação e que não acontece da noite para o dia. Não temos como melhorar a escrita sem praticar a escrita. Sempre digo para os meus alunos, não dá pra fazer uma mágica e acordar escrevendo bem. Para escrever bem, precisa escrever e escrever muitas vezes. Não adianta lamentar se não fizer nada! 🙂
Uma bom texto requer atenção e foco para evitar os erros. Ou seja, não dá para escrever um bom texto ou estudar enquanto fica surfando no Facebook ou vendo TV, por exemplo.
Uma boa dica é ter um bom dicionário por perto, um manual de gramática, fazer uma pesquisa em sites educacionais quando bate aquela dúvida.
Como já disse anteriormente, o tema de hoje é “A CRASE”. Veremos como a crase ocorre e como identificar a preposição, o artigo e algumas dicas para facilitar o processo de compreensão e aprender a usar essa belezinha.
Então, vamos lá!
Crase: Como ela ocorre?
Estudiosos desenvolveram pesquisas sobre preposições, e observaram que algumas delas, às vezes, aparecem unidas a uma palavra que pertence à outra classe gramatical, ocorrendo, assim, a formação de um único vocábulo.
Desse modo temos duas situações: a combinação e a contração.
COMBINAÇÃO: quando a preposição aparece unida a outra palavra, sem perda de elemento fonético, como vemos em “ao” (preposição a + artigo o);
CONTRAÇÃO: quando a preposição se une igualmente a outra palavra, mas perdendo algum elemento fonético, como ocorre em “do” (preposição de + artigo o) ou em “na” (preposição em + artigo a).
A crase é designada pela Gramática como fusão da preposição “a” com o artigo definido feminino “a (s)”, ou da preposição “a” com a inicial dos pronomes demonstrativos “aquele (s), aquela (s) e aquilo, ou da preposição “a” com o artigo definido a que acompanha os pronomes relativos qual e quais”.
Um passo importante para compreensão da crase é estudar regência nominal e verbal. É imprescindível que se tenha clara a regência de alguns verbos e nomes para se entender a ocorrência ou a ausência desse fenômeno linguístico, que é quando um verbo ou um nome é acompanhado de uma preposição.
Veja um exemplo sobre isso:
“Refiro-me à professora de biologia.”
O verbo “referir-se” rege a preposição “a” (quem se refere, refere-se a), e “professora de Biologia”, nesse caso, exige artigo definido “a”. Portanto, teríamos:
A preposição e a forma feminina do artigo têm o mesmo processo fonológico: a vogal “a”.
É nessa situação que surge o fenômeno da crase, o qual é assinalado com o acento grave ( ` ).
Assim, temos:
“Refiro-me à professora de Biologia.”
Veja outro exemplo:
“Quando chegamos à fazenda, comemos aquele bolo delicioso.”
Em: “Quando chegamos a”, (preposição do termo regente),
“a fazenda” (artigo feminino que acompanha o termo regido feminino “fazenda”).
Neste caso ocorre a junção da preposição “a” e o artigo “a” , que é indicado pelo acento grave sinalizando a ocorrência da crase.
Os dois casos citados acima, são casos em que a crase é obrigatória. Mas, vamos ver algumas dicas.
REGRAS PRÁTICAS
Para solucionar certas dúvidas com relação ao uso da crase, foram criadas algumas regras que podem ser empregadas.
- Identificar a preposição
Como já citado, o estudo de crase está intimamente ligado aos estudos de regência verbal e nominal, porque a ocorrência ou não da preposição “a” está relacionado à regência do verbo ou do nome. Vamos comparar um exemplo para compreender:
Os alunos foram à reunião do grêmio estudantil.
Foram = flexão do verbo ir, exige a preposição “a”
Reunião = substantivo feminino
à = junção da preposição “a”, exigida pela regência do verbo (quem foi, foi a) e o artigo feminino que acompanha a palavra “reunião”
Agora veja este exemplo:
Carolina comeu a torta de morango.
Comeu = verbo transitivo direto, não exige a preposição “a”
Torta = substantivo feminino
a = artigo definido feminino
Analisando, então, as frases acima, podemos notar que a preposição “a” aparece implícita devido à regência do verbo ir, que é um verbo transitivo indireto e necessita de um objeto indireto para completar o seu sentido.
Por outro lado, o verbo comer, neste caso, é um verbo transitivo direto. E, verbo transitivo direto não necessita de preposição para transitar até o seu objeto.
Ainda na tentativa de identificar a preposição, veja as frases do exemplo acima com algumas alterações de palavras.
Os alunos foram ao jogo de futebol.
Foram – flexão do verbo ir, exige a preposição “a”
Jogo – substantivo masculino
Ao – combinação entre a preposição “a” mais o artigo “o”.
Carolina comeu o bolo de chocolate.
Comeu – verbo transitivo direto, não exige a preposição “a”
Bolo – substantivo masculino
o – artigo definido masculino
Ao trocar a palavra feminina por uma masculina, notamos que no primeiro exemplo, a preposição foi mantida. E como o artigo vai para a forma masculina para concordar com a palavra “jogo”. Então, temos uma combinação.
No segundo exemplo, fica mais notável a ausência de preposição, pois só é possível ver o artigo “o”.
Outra forma de termos certeza de que há preposição é substituir o artigo definido por um artigo indefinido. Lembre-se que antes de artigo indefinido não ocorre crase. Leia o post aqui para maiores informações sobre quando não usar a crase.
Veja que colocando um artigo indefinido ao lado do substantivo, o verbo ainda precisa da preposição que o rege. Neste caso a preposição “a”.
LEMBRETE: Verbo assistir no sentido de presenciar, comparecer, ver, estar presente, testemunhar será transitivo indireto, sendo obrigatório o uso de preposição para transitar até seu objeto. Agora, quando assistir tem o sentido de ajudar, auxiliar, prestar assistência será um verbo transitivo direto, não havendo a necessidade de preposição.
- Identificar o artigo
Outra regra prática que ajuda a resolver certas dúvidas relativas à ocorrência ou não de crase é verificar também se há o artigo feminino “a” na frase. Para isso, basta trocar o termo feminino “a” por um masculino, como fizemos para identificar a preposição.
Veja o mesmo exemplo com a alteração do artigo.
Nota-se perfeitamente a presença de artigo definido na construção das duas frases. Podemos também detectar o artigo feminino “a” trocando o verbo por um que exija uma preposição que não seja “a”. Ao fazer essa troca, será evidente a necessidade ou não de artigo. Veja:
Estou me referindo à mãe desse aluno!
Estou conversando com a mãe desse aluno!
Neste caso, a presença do artigo definido “a” ficou clara, uma vez que a preposição usada não é “a”, e sim “com”.
SINTETIZANDO
Só haverá crase quando for permitido o uso da preposição “a” e do artigo “a”. Tem-se a preposição com os termos a seguir:
- Objeto Indireto: José entregou a carta à secretária. (à secretária = objeto indireto)
- Complemento Nominal: O amor à vida é fundamental. (à vida = complemento nominal)
- Adjunto Adverbial: À noite, todos foram à praia. (à noite – adjunto adverbial de tempo, à praia = adjunto adverbial de lugar)
Para ter o artigo feminino “a”:
A palavra tem que ser feminina, admitir artigo que a antecede, ter ideia definida.
Exemplo:
Maria Teresa visava à promoção na empresa.
Neste caso, ocorre a crase porque “à promoção” é objeto indireto; além disso, “promoção” é um substantivo feminino, admite artigo e tem uma ideia definida.
VAMOS FICANDO POR AQUI JÁ TEM BASTANTE INFORMAÇÃO PARA ABSORVER.
Mas este assunto não acaba por aqui, ainda temos outras situações importantes em que a crase pode ocorrer. Mas, para não ficar muito longo e dar tempo para que possa aproveitar o que temos aqui. Certifique-se que dominou essas situações e em breve teremos a parte 2 deste assunto “QUANDO A CRASE É OBRIGATÓRIA”.
Como checar se está aprendendo?
Leia bastante! Observe situações onde há crase durante a leitura, analise a situação, escreva pequenos textos atento à situações que possa ocorrer a crase e verifique os elementos da frase, a regência do verbo, a regência nominal, os substantivos, etc.
Boa sorte e bons estudos
Não se esqueça de conferir também as “10 DICAS DE QUANDO NÃO USAR A CRASE”.
Nos vemos por ai!