Persuasão, de Jane Austen

Persuasão – cena da série BBC 2007

Persuasão – by Jane Austen

AUSTEN, Jane. Persuasão. Tradução e notas de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Martin Claret, 2012. (Coleção Jane Austen, vol. 06)

❤ A história que hoje venho lhes contar tem pra mim um caráter especial. ❤

É mais que um livro. É mais que uma leitura de hábito. É a história de como conheci e me apaixonei por Jane Austen. Então, não é só a resenha de livro, é também uma resenha de como me apaixonei por uma obra, por um livro.

Resumo da história

Em meados de 2008, assisti pela primeira vez a um filme de nome “A casa do lago”. É um filme charmoso e apaixonante que brinca com a temporalidade e a construção de uma linda amizade que vence as barreiras da distância e do tempo. E trás como personagens principais atores que admiro desde sempre: Sandra Bullock e Keanu Reeves, só por isso o filme já vale a pena e tem também um cachorrinho de uns olhinhos tão amoroso, que é só encanto.  

Mas, a história que tem a ver com a de hoje, e que quero narrar é que foi a partir deste filme que tive o conhecimento do livro Persuasão e da escritora Jane Austen, como já havia me referido no início deste post.

Capa do filme – A casa do Lago

Kate (Sandra Bullock) em um determinado momento no filme, conta a história deste livro para Alex (Keanu Reeves); e ela narra com tamanha emoção e profundidade que despertou em mim o interesse em conhecer o tal livro. E o livro tem um papel fundamental no filme, é quase um personagem na história.

Cena do filme a casa do lago.

Então, vivia na época também uma história bastante similar tanto com a de Persuasão, quanto com a do filme, foi ai que juntei o útil ao agradável e procurei o livro e comprei.

O li. No começo foi difícil. Não estava habituada ao contexto da época e aos costumes das personagens, nem ao estilo de linguagem e tal. Mesmo assim pude obter prazer na leitura, embora tenha demorado acredito que mais de um mês para ler.

Nunca me arrependo de ter persistido. Passei a investir em pesquisa sobre tudo que remetia a Jane Austen e a sua época. Li outros livros e agora reli Persuasão.

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O livro – Persuasão

Leitura do Prazer

Persuasão é uma história de um amor que teve que enfrentar os tabus de uma sociedade conservadora e preconceituosa e sobreviver. Anne Elliot é uma jovem que vive um amor com o pobre e sem dote Frederick Wentworth e graças á diferença social entre os dois ela é persuadida a deixá-lo.

Passam-se oito anos e há um reencontro. A trama é desenvolvida com base aos preconceitos e costumes da época que serão para eles como um “muro” a separá-los. Junta-se ai a falta de comunicação, os mal-entendidos, os disse-me-disse e pronto, temos um conflito.

Jane nos insere aos encontros de famílias, as conversas, aos saraus, aos jantares e outros eventos que uma família era obrigada a participar se quisesse se manter numa sociedade que tinha como valores o nome e o brasão da família.

Não me alongarei na história do livro, porque tenho planos para algumas destas obras aqui no blog.

 O que posso afirmar é que Persuasão é uma história sobre amor, a esperança, a perseverança e o amadurecimento de uma mulher que encontrou no sofrimento do rompimento deste relacionamento a entrada para o seu fortalecimento como pessoa.

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Considerações

Como sempre é uma separação dolorosa o término de uma leitura que me agrada tanto. Ao me debruçar sob as páginas deste livro, sinto-me arrebatada para a Inglaterra de 1816, posso imaginar os cenários e sentir empatia por algumas personagens e um asco pela hipocrisia e superficialidade dos relacionamentos da época. Como sou apaixonada por história, isso pra mim é uma descoberta a mais.

E Persuasão trás uma narrativa leve, envolvente, em que alguns eventos vão te apresentando quem são alguns personagens, conhece o que era considerado como valor e importante para aquelas pessoas, etc.

Você acompanha Anne e ao mesmo tempo que a compreende, indigna-se com alguns de suas atitudes. Apaixona-se pelo capitão Wentworth, detesta Mary (a irmã de Anne Elliot), tem vontade de esganar o primo herdeiro de Anne, acha as senhoritas Musgrove exageradas e infantis e o pai da Anne então… aff, que sujeito mais narcisista! 

Contudo, todo esse contexto me leva a refletir sobre a atualidade. Será que tivemos mudanças nos comportamentos humanos depois de dois séculos que nos distanciam da era de Austen? É curioso, mas parece que só mudamos os estilos e objetos de preconceitos.

Já li muitas críticas sobre as obras de Jane Austen; uns dizem que são romances envoltos em tramas frívolas, paixões juvenis e enredos entediantes. Claro que há gosto para tudo, mas tem adjetivo que definitivamente não cabem.

Quem já leu mais de um de seus livros irá notar que o romantismo e a fragilidade feminina, ou a frivolidade é algo que passa longe da pena de Jane Austen. Suas heroínas são mulheres que pensam e são decididas, e apesar de possuírem as características de uma mulher de mais de dois séculos atrás, têm sem dúvidas o perfil de uma mulher inteligente, crítica, forte e até bastante contemporânea.

Só pelo sarcasmo e o humor levemente ácido de suas críticas à sociedade e ao comportamento humano, em que ela desenvolve geniosamente nas entrelinhas de sua narrativa; já vale o tempo aplicado a leitura de sua obra.

Super recomendo!

DICA

P.S.: Pra quem gostar recomendo assistir a série da BBC de Londres de 2007 de Persuasão. Aproxima-se muito da narrativa do livro e o Rupert Penry-Jones no papel de Capitão Wentworth é de tirar o fôlego. ❤ Bom, eu o acho lindo!

Rupert Penry-Jones como Frederick Wentworth

Um abraço carinhoso

Laynne Cris