Becoming Jane (Amor e Inocência)
Ano de Produção: 2007
Título em Português: Amor e Inocência
Diretor: Julian Jarrold
Roteiro de: Kevin Hood e Sarah Willians
Estrelando: Anne Hathaway (Jane Austen), James McAvoy (Thomas Lefroy), Maggie Smith (Lady Gresham), Anna Maxwell Martin (Cassandra Austen, etc.
Não faz parte do meu blog e nem é um hábito meu resenhar sobre filmes. Mas, abrirei uma exceção com filmes que tem a ver com personagens tão enigmáticos, como é o caso desta escritora inglesa, Jane Austen.
Tudo o que sabemos sobre Jane são alguns poucos fragmentos que sobraram de suas cartas e algumas biografias que revelam mais sobre suas obras do que sobre a própria Jane. A grande parte da construção da figura de Jane Austen cabe ao nosso imaginário e as possibilidades que podemos incorrer ao analisar a época em que ela viveu e alguns relatos.
O filme “Becoming Jane” tenta reconstruir a imagem da Jane de 20 anos. Uma moça alegre, cheia de vida, sarcástica, inteligente, com pensamentos muito evoluídos para a sua época, graciosa, com firmeza de caráter, mas acima de tudo uma jovem que acredita e se recusa a viver algo que não seja permeado pela paixão e o amor verdadeiro. Em uma biografia que li recentemente trás as seguintes percepções sobre a personalidade de Jane e que pude notar alguma similaridades recriada na personagem deste filme.
“aos dezesseis anos Jane havia melhorado muito, tanto na aparência como no comportamento – segundo relato de Eliza de Feuillide”.
“Segundo os irmãos Fowle, Jane parecia uma boneca, dadas as expressão luminosa e “uma boa dose de cor na face, os mesmo depois mudam de ideia e dizem que Jane parecia mais uma criança cheia de entusiasmo e humor.”
As declarações são bastante figurativas e de dúbia interpretação. Os relatos deixados por amigos e conhecidos de Jane Austen, por exemplo, poderia pensar que sua face era corada por timidez ou ela carregava a mão no blush. E, ainda tem mais uns trechos que gostaria de enfatizar sobre a personalidade de Jane citada na biografia escrita por Catherine Reef.
“uma pessoa alta e seca, com as maçãs do rosto muito salientes, a face apresentava muita cor, olhos vivos, não grandes, mas alegres e inteligentes – dizia um vizinho da família.”
“Alguns diziam que seus olhos eram escuros, mas a família defende que eram de cor de avelã, tais como o do pai…”
“As testemunhas concordam, entretanto, que ela era alta: Alta e frágil, mas não debilitada, pelo contrário, alta e esbelta, o passo leve e preciso”.
“Ela gostava de dançar, e era excelente nisso – declarou Henry Austen”.
(fragmentos retirados do livro – Jane Austen – Uma vida revelada de Catherine Reef).
O filme conseguiu retratar de uma forma bem graciosa essa Jane, sem contar na excelente personificação que Anne Hathaway dá à personagem.
Bom, para não se prolongar muito quero deixar a sinopse do filme e que os fãs possam assistir e tirar suas próprias conclusões.
Posso seguramente dizer que me emocionou bastante e que o vi duas vezes e o veria pela terceira, quarta e quinta vez. Adoro filmes que são baseados em outras épocas e amo tudo que se refere a Jane Austen.
Sinopse
1795. Jane Austen (Anne Hathaway) tem 20 anos e começa a se destacar como escritora. Enquanto ela está mais interessada em desvendar o mundo, seus pais querem que ela logo se case com um homem rico, que possa assegurar seu status perante a sociedade.
O principal candidato é o Sr. Wisley (Laurence Fox), neto da aristocrata Lady Gresham (Maggie Smith). Mas, Jane se interessa pelo malandro do Tom Lefroy (James McAvoy) cuja inteligência e arrogância a provocam.
Sobre Thomas Lefroy Jane escreve a sua irmã Cassandra em janeiro de 1796 com as seguintes palavras:
“Quase temo contar-lhe como meu amigo irlandês e eu nos comportamos” – Carta a Cassandra Austen, de 9 de janeiro de 1796 (Reef, 2014, p. 57).
Segundo Reef (2014, p. 63) os Lefroy receberam a visita do sobrinho, Thomas Lefroy, 20 anos para o Natal de 1795. Os Lefroy faziam parte do círculo social da família Austen e Jane e Tom se conheceram num baile dado pela família Bigg no final do ano em Manydown. Relatos dizem que Tom era bonito, loiro e inteligente.
Thomas Lefroy ao ser interrogado sobre Jane, diz que teve um amor de adolescência com a escritora. Mas historiadores especulam que foi mais que isso, e que a filha mais velha do irlandês recebera o nome de Jane em uma homenagem silenciosa ao amor juvenil entre os dois. Jane nunca se casou e morreu aos 42 anos de idade.
Em uma carta a Cassandra Jane diz a irmã sobre os encontros com o amigo:
“Imagine tudo de mais reprovável e chocante no jeito de dançar e de sentarmos” (pag. 64).
Mas, cabe aqui ressaltar que na época de Jane a sociedade esperava que uma mulher solteira devesse estar sempre acompanhada em público (pai, mãe, irmão mais velho, etc) e jamais conversar com um cavalheiro antes de ser apresentada a ele; escrever para um cavalheiro; céus! Era o grau máximo da falta de decoro. Só poderiam trocar correspondência se estivessem noivos, ficar a sós então, nem pensar! E, a falta de um nome de família de importância na sociedade e a falta de um dote que garantisse um bom casamento, era o divisor entre os amantes dessa época.
E, segundo a própria Jane, ela e Lefroy quebraram todas as regras de decoro imposto para sua época e chamou a atenção dos mais velhos e da família de Lefroy que não gostaria que o rapaz desviasse de seu caminho em um casamento sem “futuro”.
Em “Becoming Jane” ou “Amor e Inocência” podemos ver nitidamente essa condição da época e por mais que seja apenas uma adaptação, o filme foi bem produzido e conseguimos se sentir na Inglaterra de 1795. É um excelente filme.
Recomendo com grande louvor para quem é um grande fã dessa tão ilustre escritora.
Livro consultado:
REEF, Catherine. Jane Austen – Uma vida revelada. Tradução de Kátia Hanna. Barueri, SP. Novo Século, 2014.
Abraços
Laynne Cris
Amei o post *-* Te indiquei em uma tag no meu blog, espero que veja, e responda se não tiver respondido ainda ❤
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Oi, Laura… Obrigada pela visita e por ter curtido. Eu sou apaixonada por JA e história e literatura. Vou dar uma olhada e prometo que responderei com carinho. Obrigada pela indicação…
Beijos
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